Assim como comprar vinis, querer uma vitrola, amar a década de 60, os gamers também apreciam coisas retrôs, em uma era onde a capacidade gráfica dos consoles se torna cada vez mais absurda, na qual computadores só faltam voar, o número de pessoas que se voltam para o passado com um olhar de carinho consumista torna-se cada vez maior, o conteúdo para esse tipo de interesse vem crescendo exponencialmente, o próprio Mão na Luva é um exemplo disso, canal e site focados no universo Retrogamer, eu mesmo admito não ter levado essa onda de retorno aos “anos dourados” tão a sério, até o dia que coloquei meus olhos em um SUPABOY.

O Supaboy inicialmente causa um certo estranhamento, um nome exótico e um aparelho mais exótico ainda, com um design inspirado no controle do Super Nintendo com o acréscimo de uma tela de LCD no meio, o aparelho despertou meu interesse assim que o vi pela primeira vez, porém a pergunta que vem logo depois da curiosidade é a que constitui o grande pulo do gato:

- Que bagaça é essa?

Indo atrás de informações pelos Youtubes da vida, tive a primeira grande revelação, o SUPABOY é algo que podemos chamar de Super Nintendo portátil, desenvolvido pela Hyperkin, empresa norte americana focada na produção de acessórios (também já fabricou consoles) para o mundo dos jogos eletrônicos. Em sua terceira versão (Supaboy, Supaboy S, Supaboy Sfc) o console de mão é realmente inusitado em sua proposta e para alguém que como eu cresceu jogando Super Nintendo na década de 90 e mergulhou no universo “proibido” dos emuladores dos anos 2000 em diante, a ideia de reviver aqueles dias maravilhosos de ódio por não conseguir passar do terceiro castelo do Mario World eram possíveis novamente, mas eu imagino o que vocês caros leitores possam estar imaginando:

- Legal Omar, é apenas mais um desses emuladores de luxo com uma carcaça chamativa, posso jogar todos os jogos de Super Nintendo em meu smartphone, raspberry, Nokia Tijolão e não sei mais o que...

Sim de fato você pode jogar nesses gadgets e em muitos outros, porem algo preciso ser dito a respeito do console da Hyperkin, ele não é um emulador, ele é de fato um “Super Nintendo” portátil (repare nas aspas em Super Nintendo, ele obviamente não é um Super Nintendo, as aspas servirão para frisar essa informação, afinal nunca se sabe quem estará lendo este artigo) em toda sua concepção, seu funcionamento se baseia única e exclusivamente em cartuchos. Exato, esqueça cartões de memória, sistemas integrados ou wifi, o Supaboy só vai funcionar se você possuir os cartuchos de Super Nes, tantos os originais quanto suas versões “alternativas”, a ideia da Hyperkin foi realmente desenvolver um console para o público saudosista, colecionador retrô, não será todo mundo que vai se sentir inspirado a possuir um desses, a própria empresa já havia lançado aparelhos nesses moldes antes (Retron 5, console de mesa com proposta semelhante), mas embora com um design no mínimo diferente e com as limitações que a proposta de rodar os games exclusivamente através do cartuchos apresenta o Supaboy pode ser considerado um sucesso, tanto que já está em sua terceira versão com diversas melhorias em relação a primeira que foi lançada.

OPINIÃO PESSOAL

Depois de muito ponderar a ideia de possuir o bichinho, buscar opções de preços mais em conta para mim, finalmente consegui colocar as mãos em um Supaboy, inclusive comprei aqui mesmo em minha cidade (Salvador/BA) o que foi bastante inusitado pois não é um aparelho tão comum de se encontrar fora dos sites de compras online, só lamento levemente por ser a primeira versão e não a última que já possui todos os ajustes e melhorias. Mas vamos lá, Supaboy, o que dizer sobre ele não é mesmo? Antes de efetivar a compra eu pesquisei bastante sobre o aparelho e descobri que ele não era apenas um console de mão, mas sim um hibrido tal como o Nintendo Swicht, com um cabo de Áudio/Vídeo ele poderia ser ligado na televisão, ter dois controles de Super Nintendo encaixados e o jogador poderia vivenciar a experiência mais próxima possível de estar jogando um Super Nes, aquilo realmente foi o que me fez bater o martelo em relação a aquisição do aparelho, tive um Super quando criança e sempre desejei possuir um novamente, mas nunca confiei nas versões usadas que encontrava na internet, ou possuíam um aspecto horrível ou eram caríssimas, nem mesmo quando a Nintendo lançou a versão mini fiquei interessado em comprar, o Supaboy foi a realização de meu desejo com a possibilidade de jogar onde quisesse graças a função portátil e na televisão, só iria precisar de uma coisa... Os cartuchos, nos sites de compras e leilões você consegue encontrar muitos cartuchos para o 16 bits da Nintendo, a grande questão é o risco deles estarem ou não funcionando, serem ou não originais ou piratas e o risco deles não funcionarem na primeira versão do Supaboy que apresenta alguns problemas de compatibilidade com os cartuchos de chip especial, embora nem sempre ocorra, acaba sendo meio que uma loteria. Cartucho de Super Nintendo dependendo da raridade podem custar muito caro, é um processo lento e trabalhoso de garimpo nas redes até encontrar produto de qualidade e confiável, mas é possível.

A primeira versão do Supaboy apresenta alguns problemas que não chegam a comprometer a experiência, mas que dão aquela quebrada no gás do hype quando você o vê pela primeira vez. Em sua forma portátil a tela dele deixa bastante a desejar na qualidade das cores, fica tudo meio “lavado” e o tamanho dela não é muito grande (Modificado nas versões atuais do aparelho) o que acaba deixando tudo pequeno, sente-se mais em alguns jogos do que em outros, por exemplo, consigo jogar Mario World confortavelmente porem o Street Fighter 2 fica pequeno e não tão interessante, nas resenhas críticas se fala de uma distorção de cores quando se coloca em ângulos variados que não seja centrado em suas mãos, porem sinceramente não me atrapalhou. Tempo de resposta dos controles é bom, a parte sonora do aparelho deixa a desejar em sua forma portátil, outra coisa que pode dar uma leve incomodada é que os cartuchos devem ser posicionados perfeitamente dentro do slot para que funcionem então cuidado com movimentos bruscos e sim você terá que assoprar as malditas fitas de vez em quando. Embora grande o Supaboy não é pesado, mas pode não ser a coisa mais confortável do mundo pois ele é gordinho (alguém com mãos maiores pode não sentir tanto), botões respondem bem, o toque do direcional poderia ser mais suave na minha opinião achei um pouco duro, mas nada que incomode na jogabilidade. Porem verdade seja dita o console brilha quando é ligado em uma televisão e os dois controles de Super Nintendo são ligados a ele, a experiência é praticamente a mesma de estar jogando o notável da Nintendo, chega a dar uma marejada nos olhos você ter a oportunidade de colocar seu cartucho de Mario World e assoprar, pegar aquele controle emblemático, sentar em seu sofá e mergulhar nas maravilhas da era dos 16 bits. Para muitos que vão ler este texto a compra de um Supaboy pode não ser de fato uma vantagem, afinal emuladores conseguem realizar tudo isso de uma maneira melhor, porem talvez essas pessoas não entendam o coração de jogador retrô, ou o de um saudosista, não existe sensação melhor do que olhar para aquele jogo que está sendo rodado da forma como ele foi concebido, na televisão ou em suas mãos. O Console da Hyperkin foi pensado para um tipo de público, ele é especifico e sinceramente no que ele se propõe independente dos problemas que as três versões podem ter, ele consegue se sair muito bem.

Escrito por:
Omar Zaldivar do canal Experiência D.K